Patronesse
Othília Grein dos Santos (1886 - 1966) nascida em Rio Negro - PR vem para Curitiba estudar, tornando-se aluna destaque na Escola Tiradentes, dirigida pela notável Julia Wanderley Petrich. Professora de caráter meigo e suave, deixou em seus alunos lembranças de ternura e dedicação nas cidades de Rio Negro, Palmeira e Antonina onde residiu com sua família: esposo e nove filhos. Além de mãe e mestra, cultivava as letras e música sendo exímia citarista. Fragmento de poesia escrita aos 17 anos:
Eu sonho ter, entre flores,
uma casinha modesta
onde se ouçam rumores
dos passarinhos em festa.
1975 - 1° Ocupante
Jandyra de Almeida França (1905 - 1999) pianista, poetisa, contista e cronista paranaense. Escolheu como patronesse sua tia e primeira professora, Othília Grein dos Santos. Nasceu em Rio Negro - PR, cidade onde iniciou os estudos de piano, dando continuidade quando aos 12 anos passou a residir em Curitiba - PR. Mãe de dois filhos. Seus originais foram adquiridos por universidades norte-americanas e digitalizados para serem disponibilizados na web. A obra ‘A Volta das Andorinhas: pequenas histórias’ (1963) pertence ao acervo da Universidade do Texas e a obra ‘Outono Verde’ (1960) pertence ao acervo da Universidade de Wisconsin, Madison. Em 1975 publicou o livro ‘Memórias de uma cadeira de balanço’ contendo contos e crônicas.
Pouco antes de falecer escreveu o poema ‘Instantâneo’ dedicado aos bisnetos:
Ao voltar, vejo que lá no galho, balançado pela brisa da manhã, uma rosa esquecida dando adeus à mãe roseira, vinha enfeitar as alfaces vizinhas.
Sim, sim! Era ainda o mesmo quintal do meu tempo de criança.
Quintal onde, ao lado da hortaliça que alimentava, crescia o pé de flor que encantava e o da mesinha que curava.
Quintal refúgio de pombos, mansos pombos que sem susto por ali trançavam, esvoaçavam, arrulhavam…
Quintal do poço, das tinas, do coradouro, do varal.
Quintal do caramanchão tosco que mudava de figura no inverno, simples suporte de galhos nus, ressequidos; depois em crescente verdor até explodir o suave azul das glicínias.
Quintal aberto, acolhedor, amigo, mas de lei rígida contra o alçapão, o estilingue, a daninheza.
Quintal de viço fácil, porque além de terra tudo nele era cultivado com amor.
Quintal onde ariscas borboletas coloridas volteavam e se acalmavam, parecendo flores soltas levadas pelo vento das rajadas.
Quintal da tranquila vereda sombreada com o ar impregnado do agradável aroma exalado dos jasmins.
Quintal, palco seguro em cujos concertos de gorjeios da “overture” ao alvorecer ao “gran finale” ao pôr-do-sol não havia intervalo…
Quintal da cabaninha dos cozinhadinhos, do faz-de-conta, do era uma vez.
Quintal dos sóis, das chuvas, das sombras, do luar, das geadas de minha infância.
Quintal, meu velho quintal parado no tempo, que hoje reguei com lágrimas antigas.
2006 - 2° Ocupante
Vera Buck (1938 - 2021) escritora, musicista, pintora e fotógrafa, começou a escrever para registrar uma viagem desastrosa ao Tahiti em 1979 e não parou mais. Em 1997 publicou ‘Histórias de Mar’, onde um estilo bem-humorado caracteriza os textos sobre pescadores e mar. Entre outros prêmios, ganhou menção honrosa no 1° Concurso ‘Gralha Azul de Literatura Brasileira’ em 1986; 1° lugar no ‘V Concurso Literário Delfos’ em 1990 e ‘Pena de Ouro’ no Concurso de ‘Contos do Clube Curitibano’ em 1997. Textos de Vera Buck integram as publicações: 300 histórias de Curitiba (1993); Contos do Brasil Contemporâneo, volume XXIV (1997) e Revista Náutica de São Paulo (2007). Recebeu em 2014 o título de ‘Cidadã Honorária de Curitiba’ por iniciativa das vereadoras Julieta Reis e Nely Almeida. Foi membro do Centro Paranaense Feminino de Cultura e da Academia Feminina de Letras do Paraná, atuando na diretoria com os cargos de tesoureira e vice-presidente de 2006 até 2014. Recebeu em 2023 o título ‘Madrinha da Academia’, uma homenagem póstuma, por sua dedicação à AFLPR. Mãe de uma filha.
Publicações:
Histórias de mar, 1997.
Histórias do Arco-íris, 2003.
Genealogia das famílias Munhoz Pereira e Correia Pereira, 2005.
Umas divertidas & outras nem tanto, 2013.
Poema ‘Conchas’ inserido em seu livro ‘Histórias de Mar’:
Catar conchas, amiga,
é como apanhar sonhos
esquecidos na areia…
Catar conchas, amiga,
é como recriar ilusões
transformadas em poeira…
Catar conchas, amiga,
é como desvendar segredos
escondidos sem ter medo…
Catar conchas, amiga,
é como voltar à infância
sem perder a esperança…
Catar conchas, amiga,
é como ouvir o mar
sussurrar… e recomeçar.
Fonte:
1- Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2- Oito Décadas - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018.
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.
Me emociono quando entro na história de mulheres que inspiram mulheres 💓