Patronesse
Annette Clotilde Portugal Macedo (1894 - 1963) professora, nasceu em Curitiba-PR, filha do Dr. Francisco de Azevedo Macedo, um dos legítimos valores morais e intelectuais que o Paraná possui e de Dona Clotilde Portugal Macedo, conhecida pelos elevados dotes espirituais. Nasceu a professora Annette no Alto São Francisco e como ele, amou a natureza, as crianças, as pessoas e os animais. Encontrava Deus em todas as coisas que a cercavam. Sua vida se resumiu em intenso amor. Deu sempre o melhor de si, sem nunca esperar receber nada em troca. Annette aprendeu a ler em casa, com sua avó materna, de quem recebera o nome; pessoa inteligente, paciente e culta. Teve como primeiro mestre particular o professor José Elias da Rocha com quem aprendeu gramática e aritmética; foi aluna da Escola Americana, dirigida por Miss Descomp; passou a estudar no Colégio Santos Dumont, dirigido por Mariana Coelho, que também foi sua mestra, concluindo o segundo grau em 1907; em 1908 matriculou-se na Escola Normal, onde teve como mestres: Euzébio da Motta, Sebastião Paraná, Dario Veloso, Emiliano Perneta, Luiz Bastos e seu pai, Francisco de Azevedo Macedo. Concluiu, com distinção, o curso em 12 de março de 1912. Nesse mesmo ano, assinou como sócia fundadora a ata do Centro de Letras do Paraná. Tornou-se pioneira do Paraná como professora, sendo nomeada em 1913 na Escola mista do Retiro Saudoso; em 1916, foi designada como auxiliar da Cadeira de Pedagogia na Escola Normal, e escolhida para dirigir e organizar a Escola de Prática Pedagógica; em 1918, exerceu o cargo de Diretora do Grupo Escolar Rio Branco; em 1920 foi designada para fazer parte da Comissão Examinadora dos candidatos a professores do Magistério Público Primário do Estado do Paraná; em 1924 foi nomeada para exercer o cargo de professora do Curso Intermediário da Escola Normal Secundária; em 1928, foi designada para organizar e dirigir a Escola Maternal da Sociedade de Socorro aos Necessitados, que hoje tem seu nome; em 1934 foi nomeada interinamente para reger as Cadeiras de Pedagogia, Metodologia e Prática de Ensino na Escola Normal de Curitiba, hoje Instituto de Educação. Maria Nicolas a imortalizou tornando-a patronesse na Cadeira n°24 e assim se referindo: “Annette espalhou pétalas do seu coração, em caridade. Enxugou lágrimas; vestiu esfarrapado, saciou a fome do faminto. Mas, sobre todos os reflexos de sua boníssima alma, mais ressalta o seu amor pela infância, a quem deu carinho a fartar, como a mais desvela das mães, apesar de haver-se conservado em estado núbil. Annette era a expressão da bondade e da modéstia sincera”.
Desde criança, dizia Annette:
“Eu queria ser professora; acho até que fui desde pequenina. Quando havia companheiras para nossos folguedos, brincávamos de Escola, sendo eu a professora. Não havendo companheiras, eu brincava da mesma forma com minhas bonecas.”
Quando contava somente 14 anos, escreveu seu primeiro soneto : A Infância
Na infância tudo sorri
Oh! Tempo de alacridade!
É com imensa saudade
que eu me recordo de ti.
Existe a maior pureza
nos atos de uma criança:
no seu gesto há singeleza,
no seu riso há esperança...
Oh! que vida de doçura.
Oh! Que fulgor, que candura,
residem no seu olhar!
As suas faltas perdoamos.
com carinho a encaminhamos
e deixamo-la brincar.
Publicações:
Felicidade Pela Educação – Ensaios pedagógicos, 1952.
Crianças...Enlevo de meu viver, 1953.
Os Meus – Autobiografia e Recordações – obras póstuma pelo Desembargador Jaime Macedo, 1972.
Homenagem de Maria da Luz Portugal Werneck
(sobrinha de Annette Macedo)
Seu nome Annette
Annette é o seu nome
Annette… Aninha,
com letras dobradas,
é um nome francês.
Bonita a grafia,
é toda poesia,
você é poesia,
seu nome também.
É doce seu nome
ao ser pronunciado
e quando chamado
Annette!... é um acorde
de linda canção.
Annette, Aninha,
minha menininha,
você faz seu nome,
Seu nome é você.
É suave seu nome,
inspira, traz calma,
faz bem para a alma,
é a paz do luar!
Seu nome é uma prece
que chega até Deus
e até se consegue
à noite, nos céus
todinho de estrelas
Annette formar!
1972 - 1° Ocupante
Maria Nicolas (1899-1988) professora, bibliotecária e pintora, nascida em Curitiba-PR, filha de Josepha Maria Nicolas (brasileira) e Léon Nicolas (emigrante francês) autodidata, poliglota veio para o Brasil para trabalhar na construção da Estrada de Ferro e permaneceu residindo com a família no porão do Teatro São Theodoro (atual Teatro Guaíra), atuando em várias frentes, incluindo cenografia. Maria Nicolas cresceu nos bastidores do teatro, assistindo peças clássicas, sob a influência do pai que possuía em seu acervo próprio uma biblioteca e obras de arte. Com ele aprendeu pintura, e suas obras foram apreciadas em várias exposições e fonte de renda, além do magistério e aulas particulares. Foi uma das primeiras Professoras Normalista em 1916, profissão ocupada por homens como o eminente ‘Príncipe dos Poetas’ Emiliano Perneta. Sua patronesse Annette de Macedo foi sua colega de turma e posteriormente colega na profissão. Sua formação continuou e em 1949, tornou-se Bacharel em Pedagogia e em 1950, licenciada. A vivência no teatro foi abastecida com um curso de teatro e também influenciou sua atuação profissional, pois como professora utilizava-o como técnica pedagógica. Como escritora foi biógrafa, ensaísta, cronista, poetisa, trovadora, dramaturga com peças encenadas, criando também material didático. Pertenceu a vários centros culturais como o Centro de Letras do Paraná e a Academia de Letras José de Alencar. Recebeu inúmeras homenagens e premiações, tendo seu nome eternizado na ‘Escola Municipal Professora Maria Nicolas’, localizada no bairro do Portão e na ‘Rua Maria Nicolas’, localizada no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Assim se refere a ela Céres de Ferrante, ocupante da Cadeira n° 34: “… Pela primeira razão e por muitas outras, gosto de Maria Nicolas. Andei retrocedendo em sua trilha… encontrei muito mais do que procurava. Encontrei a mocinha que a Professora Júlia Wanderley escolheu para que a substituísse, quando motivos de saúde a obrigaram a um afastamento do magistério. E se assim o fez, era porque, dentro de sua austeridade, sabia o que fazia. Encontrei a mulher, a quem a vida colocou inúmeros obstáculos, que ela soube vencer. Mas principalmente encontrei a coragem de procurar em cada dia, fazer novas coisas e de luta em luta, realizar tantos trabalhos; sem alardes, sem procurar laureis, apenas pelo prazer de realizar…”. Em função de uma infecção de garganta e ouvido em sua juventude, Maria Nicolas conviveu com uma surdez e sabida de sua limitação, em carta à colega e escritora Hellê Vellozo, pediu desculpas por erro cometido antes de receber o aparelho Telex, para surdez, presente recebido de sua amiga Maria José Luz Castro. Ao completar 80 anos recebeu homenagem de Curitiba, através de seu Prefeito Jaime Lerner. Mãe de três filhos.
TROVAS
Cartas de amor e bilhetes
Perfumados - secas flores…
São restos de ramalhetes,
Que lembram velhos amores.
Humilde a violeta, leve
Sob as folhas refloresce.
Assim, trabalhar se deve
Sem o alarde que envaidece.
Trabalho, justiça, amor,
Sejam do homem a guarida,
para aureolar seu valor
E enobrecer sua vida.
Publicações:
Ensaios
E as rosas morreram, 1934.
Amor que redime, 1936.
Porque me orgulho de minha gente, 1936.
Meus apartamentos
Tornemos a viver, 1936.
Ensino e verbos, 1936.
Páginas escolhidas
Paraná de antanho - biografias
Vultos paranaenses - biografias (2 volumes) 1948 e 1951.
Almas da ruas - biografias, 1962
Cidade de Curitiba
Paranaguá, São José dos Pinhais, santo Antônio do Sudeste e Rio Negro
Cem anos de vida parlamentar - biografias entre 1854 a 1954.
Deputados Federais e Senadores - biografias
Inverno Florido - trovas, 1970.
Resumo Histórico do Poder Legislativo, 1970
Sete Artigos, 1971
Teatro Infantil
Páginas Curitibanas, 1973.
Trovas de bem fazer, 1974.
Apenas… um livro - poesias, 1975.
Enternecer - poesias, 1976.
O Paraná na Câmara dos Deputados - biografias entre 1853 a 1977.
Pioneiras do Brasil: Estado do Paraná - biografias, 1977.
Sertanistas do Paraná: os esquecidos - biografias,1979.
Páginas escolhidas - didático, 1979.
Loto Infantil - pedagógico, 1983.
Coração Infantil e Viveiro Infantil - trovas e poemas, 1984.
1989 - 2° Ocupante
Dalva Ferreira Fanchin, professora de música, nasceu em Piraí do Sul-PR, mas fez sua formação no internato Colégio Cajuru em Curitiba-PR.
Publicações:
Piraí do Sul, sua gente e sua história, 1984.
Lendas e Crendices da minha infância
Uma jornada - biografia
Duas vidas - histórico da família Fanchin
O Capão do Corvo - romance policial infanto-juvenil
Serra dourada - romance
1996 - 3° Ocupante
Maria da Luz Portugal Werneck professora, nasceu em Curitiba-PR, filha de James Portugal Macedo e de Dona Alice Portugal, neta portanto do Desembargador Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo, grande expoente das nossas letras e sobrinha da professora Annette Portugal Macedo, sua Patronesse. Professora e Pedagoga, com numerosos cursos realizados, dirigiu por oito anos a Escola Profissional República Argentina, e na época da edição de seu livro, ‘Ânfora de Essências’, administrava o Colégio D. Pedro II. Participou da Antologia de Poetas do Brasil, de Aparício Fernandes com o pseudônimo de “Luz Marina”, onde mostrou toda a pujança de seu poetar. Vencedora de diversos prêmios de poesias e de crônicas: 1° lugar no Concurso do Centro de Letras do Paraná ‘Curitiba 300 Anos’; 1º lugar no Concurso Internacional de Poesia da Academia Internacional de Letras, Rio de Janeiro. De temperamento emotivo, sensível, quieto e profundamente modesta, há muito conhecida nos meios literários, fora do nosso Estado, como uma violeta escondida, Maria da Luz Portugal Werneck começou a despontar no cenário cultural da nossa terra. Precisou figurar no Anuário dos Poetas do Brasil de Aparício Fernandes, editado no Rio de Janeiro, para que seus escritos e sua poesia delicada, humana, repleta de beleza fossem mais divulgados. Recebeu inúmeros e importantes prêmios literários, medalhas, troféus e menções. Pertence ao Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Cultura e na Academia Paranaense de Poesia, ocupa a Cadeira n° 25. Mãe de quatro filhos.
Bolhas de Sabão
Eram leves, suaves, frágeis, belas...
Na mesma rapidez com que subiam
Vermelhas, azuis, roxas e amarelas,
as bolhas de sabão se dissolviam.
Com elas eu voava em pensamento...
Chegava aos céus, aos píncaros dos montes
Envolta no mais doce encantamento
Descortinando novos horizontes…
Levaram devaneios e esperanças,
Levaram, também, cores e a magia
Do meu mundo de risos e bonanças.
Deixaram-me, entretanto, uma lição:
Assim na vida, são nossos sonhos,
Mil bolhas coloridas de ilusão.
Publicações:
História da Educação do Paraná, 1978.
Meu pequeno mundo - trovas, Anuário dos Poetas do Brasil, 1978.
Devaneios - poesias, Anuário dos Poetas do Brasil, 1979.
Meu Paraná e Fonte de água viva, Escritores do Brasil, 1979.
A mestra de ternura - vida da professora Annete de Macedo, 1994.
Ânfora de Essências - poesia, 1994.
Coletânea da Academia Paranaense da Poesia, 2012.
Fonte:
1 - Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2 - Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977, ocupante da Cadeira n° 24 na AFLPR.
3 - Annette Clotilde Portugal Macedo - pesquisa por Paulo Roberto Karam.
4 - Maria da Luz Portugal Werneck - pesquisa por Paulo Roberto Karam.
5 - Coletânea da Academia Paranaense da Poesia, 2012.
6 - Oito Décadas - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018.
7 - Maria Nicolas: além do bê-a-bá, 2024.
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.
A Cadeira nº 24 da Academia Feminina de Letras do Paraná é especial para mim: a fundadora Maria Nicolas foi uma biógrafa, e utilizo seus livros nas pesquisas para os posts do blog da AFLPR. Tenho admiração e carinho por esta escritora ✍🏻 e artista plástica 🖼️🥰
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#marianicolas