Patronesse
Haydée Niclewicz Carneiro (1906 - 1984) professora, musicista, nasceu em São Mateus do Sul-PR onde iniciou seus estudos em escola pública e no Colégio das Irmãs; veio para a capital, Curitiba-PR, estudar no Grupo Xavier da Silva, destacando-se como primeira e melhor aluna da classe. Foi preparada pela professora Dona Carola Moreira para os exames da Escola Normal, destacando-se e tornando-se oradora de turma. Em 1925 iniciou sua atuação como professora normalista; foi Diretora da Escola Aplicação, anexa à Escola Normal de Curitiba. Assim refere-se à ela Thêmis Alves Ribeiro do Amaral, fundadora desta Cadeira: “Culta, linda, versátil, discorria com entusiasmo sobre diversos assuntos ao mesmo tempo”. O professor Erasmo Pilotto, quando as recém-formadas perguntava a ele, diretor, qual o melhor método para ensinar. Resposta: “Ensinar é como Dona Haydée o faz! De que maneira ela o faz? Até o aluno aprender”. Em 1933 compôs a valsa para as formandas e foi paraninfa de oito turmas. Em São Mateus do Sul foi homenageada em vida e descerrou a placa da ‘Escola Normal Haydée Carneiro’. Mãe de três filhos.
1984 - 1° Ocupante
Thêmis Alves Ribeiro do Amaral nasceu em Curitiba-PR iniciando o curso primário no Colégio Moderno da Professora Luiza Netto Correia de Freitas, encerrando no Colégio Divina Providência e em 1931, concluiu o curso de Professora Normalista. Em 1937, mudou-se com o marido médico para São Paulo e na sua solidão nasceu o primeiro livro. Em 1941, passou a colaborar semanalmente com o jornal ‘O Oeste Paulista’ escrevendo artigos, crônicas, comentários, críticas e reportagens. Usava os pseudônimos: ‘Fada Azul’, ‘Mensageira Incógnita’, ‘Solitário’ entre outros. Em 1942, foi nomeada Presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA - núcleo Santo Anastácio); em 1943 fundou a ‘Liga São Vicente de Paula’ angariando donativos para auxiliar as famílias dos expedicionários em guerra; a ‘União da Caridade’ estendendo o auxílio para outros segmentos da sociedade menos favorecida; o ‘Grêmio Harmonia’ para as mulheres sentirem-se úteis colaborando socialmente; a Biblioteca Pública Municipal da cidade de Santo Anastácio-SP. Em 1948, escreveu para o jornal ‘Diário de São Paulo’ e em 1949, tornou-se sócia-correspondente da Associação Mundial de Escritores (P.E.N.) internacional de Londres. Colaborou também com os jornais ‘Campos do Jordão’, ‘O Jauense’ e o ‘Correio do Noroeste’ de Bauru-SP. Em 1958, tornou-se sócia-correspondente do Centro de Letras do Paraná e em 1972 ingressou na Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil.
Trecho da narrativa de viagem a Granada, publicada pela Revista do Centro de Letras do Paraná em 1964:
"Cueva de los Gitanos: - Chegados a uma das covas cavada na montanha e rebocada com barro, assustei-me pelo assalto que tivemos! Castanholas e pandeiretas apareceram enquanto um treinado gitano dedilhou a guitarra. Foi aí que surgiu um rapazote lindo, com ares fidalgo, arrogante, trajando camisa branca com mangas fartas, calçados de salto, calça ajustadíssima e um bolero de veludo. Concentrou-se como quem recebia do bafejo da musa dos sonhos. A música espanhola é rica de mutações e alacridades, quem tiver audição perceptível e educada sente as recordações dos mouros predominando no concentrar da raça. Isto é Granada" - Isto é um pouco de Granada.
Publicações:
Acordei para a Vida - romance, 1947.
Adágio - romance, 1950.
Folhas Soltas - romance, 1951.
2006 - 2° Ocupante
Teresa Teixeira de Britto, professora, nasceu em Curitiba-PR, é licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em 1976 e concluiu diversos cursos de Extensão e Aperfeiçoamento nas áreas afins, ministrados pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atuou como professora no Ensino Fundamental e no Curso de Aperfeiçoamento a Professores do 1° Grau; nomeada por concurso aposentou-se no cargo de ‘Técnico em Assuntos Educacionais’ da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É membro de entidades culturais ocupando cargos e participando de projetos: Centro de Letras do Paraná (editoração da revista da entidade, Vice-Presidente); Academia José de Alencar; Centro Paranaense Feminino de Cultura (Secretária); Soberana Ordem do Sapo (Baronesa da Araçaíba). Na Academia Feminina de Letras do Paraná atuou como secretária de 2012 até 2020. Como escritora, é biógrafa; cronista; escreveu peças teatrais; colaborou em 1978, semanalmente com a coluna TVENDO no jornal ‘Diário Popular’; entrevistou a cantora e atriz Libertad Lamarque no ‘Projeto Cine Americanidad’ da Cinemateca de Curitiba.
O velhinho do poço
Estavam proibidos de entrar naquele terreno baldio. - Perigoso, diziam os adultos, no meio do matagal, o que se pode encontrar?! Palavras que só atiçavam a curiosidade.
Botuca, com seus grandes olhos castanhos, sardenta, de nariz arrebitado e franjinha, no alto de seus quase dez anos, era quase dois anos mais velha que a prima Dadá. Dadá, com seus lindos olhos cambiantes, ora verdes, ora azuis, era quase dois anos mais velha que Manivela. Manivela, guri peralta, cabelos dourados, carinha de anjo, mas não barroco, porque era magrinho, acompanhava as duas; no entanto, por ser varão, procurava impor sua liderança, pois já apreendera, que, ao cavalheiro, cabe o comando.
Juntos, corriam pelo grande quintal da casa dos avós. Escalavam árvores, brincavam de mãe, caracol, corda, estátua, bola, etecétera. Conheciam os caminhos das formigas e os trajetos das abelhas. Conheciam todas as flores e as vaquinhas-do-céu que moravam nelas. Divertiam-se tanto, a ponto de, no final do dia, caírem exaustos. Mas agora, que tudo já haviam explorado, cobiçavam o quintal vizinho. Estiveram lá, dias atrás, e constataram que, no meio do matagal, de fato, escondia-se um poço. Porém não viram o velho, que diziam existir, sempre a rondar o tal poço. Precisavam voltar lá, principalmente, porque Botuca acabara de escutar o avô dizendo, que à noite, vira luz andando pelo capinzal.
…
Publicações:
O que virá depois - peça teatral
Teatro na Escola - esquetes para 1° grau, 1982.
Márcia - biografia, 1985.
Cury Tuba e Epopéia de Balthazar - genealogia de Balthazar Carrasco dos Reis, 2001.
Chloris: uma história de resistência - biografia, 2007.
Mulheres criando para Curar, 2011.
Julia na Janela - monólogo de Julia da Costa, 2014.
Rostos de Ontem - retratos.
Fonte:
1- Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2- Cronistas do Centro de Letras do Paraná, 2018.
3- Oito Décadas (1933-2018) - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018.
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.
Mulheres engajadas com o Ensino Público criando gerações de crianças, na esperança de um país melhor!