Patronesse
Escolástica Moraes de Castro Vellozo - Dona Colaca (1874 - ?) nasceu em Morretes-PR. Quando tinha 9 anos seu pai faleceu e sua mãe Narciza empenhou-se na educação da filha, que já mostrava aptidão para arte e música, com a confecção e venda de doces. Em 1887 transferiram residência para Curitiba, onde a jovem continuou os estudos de piano. Virtuose consumada, a linda pianista loura, tomou parte em vários concertos no Clube Curitibano e no Teatro São Teodoro (hoje Teatro Guaíra). Pelo Clube Curitibano, foi coroada a 1° ‘Rainha da Beleza Curitibana’. Em 21 de outubro de 1893, casou-se com Dario Vellozo, recém chegado do Rio de Janeiro e que viria a ser o Mestre querido de várias gerações paranaenses. Colaborou sob o pseudônimo de ‘Emilio Viscontini’ na Revista do Clube Curitibano e sob o pseudônimo de ‘Yone’, seu nome simbólico no Instituto Neo-Pitagórico, nas revistas: Mirtho e Acácia, Luz de Krotona, Revista do Club Curitibano (2ª fase), A Lâmpada. Membro do ‘Instituto Neo-Pitagórico’ desde 1920, sempre tomou parte ativa em suas reuniões lítero-musicais, executando com raro brilhantismo músicas clássicas ou lendo seus trabalhos literários. Auxiliava o marido dedicando-se à correção das provas na litografia, que ele havia montado. Com seu falecimento, afastou-se na sociedade e por 10 anos viveu isolada em sua chácara, elaborando seu luto com produções literárias. Mãe de 12 filhos.
Ser Mãe (À minhas filhas e noras)
“Não há pranto ou saudade,
Que o carinho das Mães não possa amenizar.”
(Dario Vellozo)
Ser Mãe é sempre ter alegre o coração
um sorriso nos lábios, e lágrimas nos olhos.
Em súplicas viver, em sincera oração,
num florido jardim, num caminho de abrolhos!
É vogar num baixel, sobre ondas de esperança,
por timoneiro tendo o verdadeiro Amor:
que cego as pressente se a tormenta avança
transformando por vezes o prazer em Dor!
Mãe, nome sem igual, encanto, flor, essência,
seu aroma perfuma, talvez como a saudade,
enleva-nos e prende assim toda existência,
sendo elo sagrado de Amor e Amizade,
Um coração de Mãe, muito embora humilhado,
a sofrer em silêncio e a chorar, não ecoa,
alegre parecendo e mesmo torturado,
não da demonstração, desculpando perdoa!...
Amor puro de Mãe, é sublime Virtude,
que nos dá Esperança e a Fé nos incentiva,
fazendo Caridade em formosa atitude
de carinho ou Perdão, de u’a alma sensitiva.
Ser Mãe, divino dom de eterna Natureza,
que eleva, glorifica e uma beleza encerra,
quer seja na opulência ou seja na pobreza,
ser Mãe sempre será nobre missão na Terra!
É viver para outrem e não se pertencer,
dispensando meiguice, amor, dedicação,
sem interesse algum de Graças receber,
ser Anjo tutelar cumprindo sua missão.
De sublime renúncia é toda sua vida,
dedicando ao Esposo e aos filhos seu amor!
Mas a velhice chega e assim, por despedida,
deixa no coração talvez tristeza e dor!...
Obras:
Pétalas de Saudade
Dario Vellozo em Ligeiros Traços
Histórias Para Meus Netos
Um Desfiar de Reminiscências
Rocal de Saudade
Antologia ‘Um século de poesia: poetisas do Paraná’ - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 1959.
Publicação:
Fragmentos, 1951
1975 - 1° Ocupante
Hellê Vellozo Fernandes - Hél (1925 - 2008) professora e jornalista, nasceu em Curitiba-PR, descendente de uma família de intelectuais, é neta de Dario Vellozo e Escolástica Moraes de Castro Vellozo patronesse na Cadeira n° 12. Sua formação inclui o Instituto de Educação do Paraná, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; Jornalismo e Química (chegou até o 3° ano e não concluiu) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Planejou e organizou a Assessoria de Imprensa da Reitoria da Universidade Federal do Paraná, dirigindo por cerca de 3 anos. Escritora laureada, iniciou suas publicações aos 13 anos no jornal escolar ´O Guairacá ́ e assim, continuou suas produções contribuindo com o jornal ‘Diário da Tarde’ e ‘Gazeta do Povo’. Fundou e foi presidente em 1970 da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB). Atuou como professora em Monte Alegre-PR e foi orientadora de 33 escolas rurais mantidas pela Indústrias Klabin do Paraná. Seu romance ‘Incompreensão’ de 1952, revela a atmosfera social e laboral daquela época, mostrando a luta pelo empoderamento feminino, seu direito ao sustento através do próprio trabalho, revelando desejos, dons e talentos. Escreveu também para diversas revistas brasileiras. Foi fundadora do jornal ‘O Tibagi’ de Monte Alegre-PR, exercendo por mais de 20 anos o cargo de redatora. Produziu o programa educativo de televisão ‘Clube Espacial’ para o Ministério da agricultura e Rádio de Monte Alegre. Em suas obras e publicações usou o pseudônimo ‘Hél’, publicando vários livros, além de sua participação em Antologias. Pertenceu a várias entidades culturais incluindo o Centro de Letras do Paraná, tomando posse em 1997 na Academia Paranaense de Letras.
Trecho de romance ‘Incompreensão’:
“Resolvi por-me em contato com o mundo novamente. Na manhã seguinte, chamei um jornaleiro e comprei um jornal. Pela primeira vez o li inteirinho, em uma ânsia incontida de saber novidades. Li os anúncios, um a um. “Precisa-se”, “Vende-se”, “Aluga-se…” “Precisa-se de uma moça instruída, datilógrafa, para desempenhar o cargo de secretária, nos escritórios da Cia. Pinheiral S.A. Tratar à rua…
Pinheiral - expressivo. Designava um lugar, mas não sabia onde. Para que essa exigência de “moça instruída"?
A ausência de Renato, a visita das colegas despertaram em mim uma súbita vontade de fazer as coisas diferentes, novas; tentar algo que mudasse a rotina em que vivia. Parecia um absurdo eu ter vivido quase um ano sem sair de casa. Prisioneira da vontade de meu marido. Pois bem - iria fazer o que me aprouvesse, agora. E não pensaria nas consequências. Por não ter nada em mente, resolvi saber onde ficava esse Pinheiral do anúncio.
Fui até um armazém (onde nunca tinha entrado) e pedi para telefonar. Depois de meia hora de espera, responde-me, do outro lado do fio, uma voz serviçal.
- Cia. Pinheiral S.A.
Não sabendo como principiar, gaguejei:
- É aí… que estão precisando de uma secretária?”
Publicações:
Camafeus - crônicas e contos, 1945 (escrito aos 17 anos)
Incompreensão - romance, 1952.
Os vergueiros - romance, 1958.
Pioneiros do Iguatemi - romance histórico, 1966.
A outra razão - novela, 1967.
Nos campos e nos pinhais - crônicas, 1970.
Antologia didática de escritores paranaenses, 1970.
2011 - 2° Ocupante
Eliana Codespoti Teixeira de Freitas, psicóloga, e professora, nascida em São Paulo-SP, filha de pai curitibano, residente em Curitiba-PR. Sua primeira crônica aos 13 anos foi publicada no jornal Gazeta do Povo e aos 15 anos, teve contato com Vinicius de Moraes para quem apresentou seu primeiro manuscrito, recebendo um feedback positivo, motivando a continuidade como escritora. Infelizmente o ‘boneco’ do livro foi perdido numa mudança e não foi publicado. Fez o curso de Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Tuiuti-PR e pós-graduação na mesma instituição em Magistério Superior com a monografia ‘A relação mãe-bebê, fator determinante na constituição do sujeito enquanto ser social’. Atuou como professora em escola municipal; diretora do Jardim de Infância Pirilampo; professora ‘Terapeuta da Palavra’ no ensino especial ao deficiente auditivo; atuou como responsável por avaliação psicológica infantil; orientadora pedagógica; supervisora de trabalho de estagiários no curso de psicologia na Faculdade Tuiuti e Pontifícia Universidade Católica (PUCPR); psicóloga organizacional e psicóloga clínica no atendimento à crianças, adolescentes e adultos com suporte nas teorias da Psicanálise de Freud e Lacan.
Homem pássaro
O tremular das asas ao vento,
a escuta do girar da hélice,
seu canto, divino embalo
de seu sonho santo.
Buscar sozinho, no vôo solitário,
tal qual o passarinho,
alçar vôo, ao bater das asas
no céu, alcançar estrelas.
Sob a luz do sol ou luzir da lua,
nua, de constelações febris, a lhe acenar.
A piar bem perto, aves de mau agouro,
a partilhar o espaço, as carniceiras.
No entanto e tanto,
o Homem Pássaro, como Dumont
voou, a singrar por ares,
terras verdes e palmares.
Adoçar-se o olhar, esboça -se- lhe um sorriso,
o homem pássaro ao estender seus braços,
abraça a natureza inteira.
Seu coração alado,
a orar por este perdão.
Ó imagem bela.
Salve! Céus da Pátria
amada, mãe gentil.
Salve! O verde de seus mares,
Céu de anil.
Salve! O tesouro de seu solo,
a população do Brasil.
Publicações:
Ana e Anas - enigma feminino, 2005.
O homem pássaro - biografia, 2006.
Fonte:
1 - Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2- Antologia ‘Um século de poesia: poetisas do Paraná’ - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 1959.
3 - Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977, ocupante da Cadeira n° 24 na AFLPR.
4- Antologia ‘Ajebianas no vôo da palavra’, 1993.
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.
Linda história de superação e investimento em dons e talentos! E o que enche meu coração de alegria é a avó (patronesse) inspirando sua neta (primeira ocupante).