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Linha do Tempo Cadeira n° 10

Atualizado: há 5 dias


Arte com a Linha do tempo da Cadeira 10 com o nome da patronesse e ocupantes e a data de posse

Patronesse



Isaura Sydney Gasparini (1884 - 1967) advogada e professora, nasceu em Fortaleza-CE onde fez seu curso primário. Em Curitiba-PR deu continuidade aos estudos, tornando-se a primeira aluna mulher da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, integrando a Turma de 1917. Também fez o 1° ano de medicina, mas não concluiu o curso. Ficou órfã de mãe aos 8 anos de idade e assumiu a responsabilidade pelo bem estar do pai e dos irmãos, do segundo casamento dele. Sua condição física de extrema obesidade sugere um distúrbio glandular, que não foi impeditivo para seu desenvolvimento intelectual e laboral. Mãe de cinco filhos, foi uma ótima dona de casa, sabendo cozinhar, costurar, bordar, criando um sistema familiar onde a casa funcionava como um cronômetro. Como professora, era inovadora, ilustrando suas aulas com projeções luminosas e filmes mudos e falados, sendo homenageada em formaturas figurando como paraninfa. Verdadeira Mestra, mostrava-se justa e disciplinadora, reconhecendo o mérito de seus alunos, elaborando programas pedagógicos na Escola Wenceslau Braz.  Conferencista, sua comunicação foi solicitada em evento para o Presidente da República Dr. Epitácio Pessoa, e em eventos  internacionais em vários países orientais, representando a Sociedade Brasileira de Geografia. Organizou as bases do curso de ‘Economia Doméstica’ buscando modernizar o ensino da mulher brasileira: “Procurei fazer um trabalho novo, absolutamente prático, despido de superficialidade, essencialmente feminino, capaz de dar, imediatamente, resultados sem mais estágio algum, lançando logo a habilitada, na vida prática, com segurança e sem desfalecimentos.”


EM MEMÓRIA DE ISAURA SYDNEY GASPARINI


E agora eu quero te saudar Isaura

Distante a minha lira dessa aura


Que se irradia assim serenamente

Pelo espaço infinito e reluzente


Eu te saúdo símbolo de outrora

De quando a vida em flor era uma aurora


Setembro treze para o além partiste

Há quatro anos a missão cumpriste


No vergel verde dos anos atrás

Destino em linha que não se desfaz


Tão boa filha, reta irmã e esposa

Na senda pitagórica repousa


A nobre mãe e mestra, amiga pura,

Do mestre segue no trilhar, segura.


Cumpriste o lema de mestra valente

Rico é o sacrário, valoroso ingente


Da alma branca em floreal de arminho

Esparzindo amor por todo o ínvio caminho


A morte assim não mata, é refulgente,

Nascendo em ânsia, só seguindo à frente


Sorrindo sempre ao espalhar semente

Da paz, do bem, na vida renascente


Nobre colega Isaura o templo existe

Refúgio de Pitágoras resiste


Levando ao sol as pétalas ao léu

Ao teu altar nas Krótonas do céu.


(Florentina Vitel -  Curitiba, 13 de setembro de 1971)


1971 - 1° Ocupante

Desenho de Florentina Vitel por José Demeterco

Florentina Vitel de Macedo (1893-?) advogada e professora, nasceu em Curitiba-PR. Aos 16 anos diplomou-se na Escola Normal do Paraná. Exerceu o magistério em várias localidades do interior do Estado, transferindo-se mais tarde para Curitiba, onde lecionou no Colégio Progresso. Estudiosa constante, cursou datilografia e obteve o 3.° lugar nos exames vestibulares para o curso jurídico, que finalizou brilhantemente, com o diploma da Faculdade de Direito da Universidade do Paraná, em 1941. Livre pensadora, aos 17 anos iniciou sua carreira literária e suas lutas idealistas com um primeiro artigo como jornalista combativa. Em 1934, tomou parte ativa no movimento político em prol da liberdade de consciência e teve o seu nome indicado para figurar na chapa para Deputados  Estaduais. Ardorosa feminista, oradora de diversos grêmios femininos, sempre lutou pela emancipação política e social da mulher. Desde cedo, revelou tendências para estudos históricos, publicando ensaios do gênero, atuando como professora em Ponta Grossa-PR no Colégio Estadual Regente Feijó; escreveu para inúmeros jornais e revistas com o pseudônimo de ‘Platão’ ou ‘Flora’. Vinculada a diversos centros culturais, foi oradora, publicista e poetisa, com discursos e conferências cívicas, artigos e trabalhos literários, em prosa e verso, em revistas e jornais do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Mãe de um filho.


Publicações:

  • Alma Triste, 1953.

  • Reviver -  poesia parnasiana, 1972.

  • Antologia ‘Um Século de Poesia: poetisas do Paraná’ - Centro Paranaense Feminino de Cultura,1959.



 Saudação a Curitiba


Lindíssima princesa que saúdo,

Sentindo que meu verso não diz tudo,


O que diriam as vozes dos pinheiros

Nos verdes ramos, fortes, altaneiros.


Mil vezes salve! Vinte e nove! Março!

Na galhardia do encantado laço


Desse sorriso junto a flor do Ipê

Numa canção feita só para você.


Silêncio, Musa! Deixa a luz tão linda,

Do manto azul de primavera infinda,

Falar, enfim, da lúcida alvorada

De nossa terra-mãe, a terra amada


Pintar o luar de prata, respingada,

Na morna tepidez da madrugada.


Nasceu a vila, assim, simples e bela,

No tosco pátio, sim de uma capela.


De pau-a-pique e butiazeiro em palma,

Abrindo em leques, pela estrada calma


Os cavaleiros beirando os caminhos,

Trocando a calma pelo burburinhos,


Em trote intenso e loucas disparadas,

Traziam suspensa a poeira das estradas.


Dos sítios e currais descia a gente;

O heroico entusiasmo vinha à frente.


A gente boa da terra e seus tropeiros

A se reunirem em torno dos pinheiros,


Almas traziam, então, em cavalgada...

E o sol doirava a poeira iluminada.


Janelas, portas. todas elas se abrem

Desses casebres, pois que todos sabem


O que nessa hora vai acontecer...

A vila jubilosa, vai nascer!


Do alto São Francisco, do retiro,

Ouvia-se, então, estrondoso tiro.


Assim nascia a vila da capela

Tendo o pinheiro, esguio, por sentinela.


Nossa Senhora da Luz dos Pinhais,

Dos majestosos, ricos pinheirais.


Crescia Curitiba, em esplendor,

Numa gloriosa ânsia de valor.


E Curitiba, vila, onde ficou?

Se em rápida metrópole mudou?


Num burburinho de colmeia ativa

A sua indústria o coração aviva.


Divina terra, quem poderá vê-la?

Sem deslumbrar-se em ânsia de querê-la?


Quem para atrasa, já dizia um prefeito,

Mas quem pode parar no voo perfeito?


Desse progresso rápido e veloz,

De grande impulso numa viva voz?


Subindo em majestade, sem demoras

Em uma construção cada duas horas?


Nas numerosas, longas avenidas,

Na quente sombra das árvores floridas,


Os namorados falam às beldades,

Suspiram sonhos, versos e ansiedades.


Sob os ipês que enlaçam tanto ouro,

Tecem grinaldas do porvir vindouro.


E os áureos lírios e os azuis e brancos,

A desfolharem-se em perfumes francos!


Vivendas ricas enfeitam lençol

De verde grama circundado ao sol.


Tranquilas, belas, desde o arrebol,

Tendo a ramagem como guarda-sol,


Evocam ninfas, fadas e princesas

E cada qual realça sua beleza.


Mas, na opulência desses mil troféus,

Toda a riqueza dos arranha-céus!


Na linha dos motores, corre, avança,

Ninguém pode reter tanta pujança!


Terra do bem-fazer, da caridade,

assistência social, fraternidade,



Que Deus a guarde nessa insana lida

Berço ideal do meu berço e desta vida.


Nesse jardim natal, assim, eu quero

Viver e até morrer, pois que venero


Esse pálio de estrelas, fino e nobre,

Metrópole do amor, o azul que cobre


O céu de luz infinda que dará,

A recambiar-se, o céu do Paraná!



1989 - 2° Ocupante

Foto de Leonilda Hilgenberg com a pelerine azul royal

Leonilda Hilgenberg Justus (1923 - 2012) nasceu em Ponta Grossa- PR e sua escolaridade atingiu o Ensino Secundário, língua alemã e piano. Sua atuação esteve presente no jornalismo, literatura e música. Em 1944 foi proclamada ‘Embaixatriz da Poesia do Brasil’, publicando livros e participando de várias antologias; assídua colaboradora no jornal de Ponta Grossa ‘Diário dos Campos’. Pertenceu a mais de 50 entidades culturais no Brasil e no exterior, sendo fundadora e presidente da Academia de Letras dos Campos Gerais, onde ocupou a Cadeira n°16 e do Centro Cultural Faris Michaele. Na promoção personalidade do Ano, em 1981 em Ponta Grossa, obteve o Troféu Dr. David Federmann  ‘Destaque em Literatura’. Seus trabalhos voltados para a poesia foram aplaudidos pela crítica especializada, recebendo medalhas de ouro, placas de prata, diplomas e menções honrosas. Sua especialidade: poesia clássica, soneto decassílabo e alexandrino, poesia moderna, haicai simples e Guilhermino, trova, crítica literária, contos e crônicas. Suas atividades literárias e culturais foram reconhecidas com o ingresso na Academia Paranaense de Letras em 2002, ocupando a Cadeira n° 29. Após seu falecimento foi criado em 2014,  a ‘Sala Leonilda Hilgenberg Justus’ na Bibliografia Municipal Bruno Enei e em 2015, o ‘Espaço Leonilda Hilgenberg Justus’ no  Museu Campos Gerais - UEPG. livro ‘As janelas de Leonilda’ publicado em 2021, conta sua trajetória de vida, perpetuando lindamente sua existência. Mãe de dois filhos.


Se Me Amasses


Se me amasses tanto quanto te amo, meu amor,

com a mesma intensidade, com a mesma devoção,

o mundo explodiria em centelhas, coração...

numa orgia de luz, numa orgia de esplendor!


Se me amasses tanto quanto te amo, meu amor,

se disso eu tivesse a apaziguadora certeza,

beijar-te-ia a todo momento, e até de surpresa,

assim como o beija flor faz sempre com a flor!


Se me amasses tanto quanto te amo, meu amor,

acharia o mundo tão belo, mais belo ainda…

e, à poesia da vida, ouvir-se -ia meu louvor!


Se me amasses tanto quanto te amo, meu amor,

não seria bom...nossa união, embora tão linda,

sucumbiria ao peso imenso de tanto amor!



Assinatura de Leonilda Hilgenberg Justus



Publicações:

  • Versos para Você, 1981.

  • Se Me Amasses… 1982.

  • Chamas Erradias, 1985.

  • Naquelas Horas, 1986.

  • Ponte Terra-Infinito, 1988.

  • Hipocrene, 1992.

  • Abstratos e Concretos, 1994.

  • Lampejos, 1996.

  • Castalia, 1997.

  • O Caminho, 1999.

  • Pedra Sem Fendas, 2002.

  • Sobre a Leitura, 2006.



2014 - 3° Ocupante

Foto com pelerine azul royal de Dirce Clève

Dirce Doroti Merlin Clève nasceu em Canoinhas-SC e reside em Curitiba,  é professora com vasto currículo na área da educação tendo mais de quatorze especializações e participando de inúmeros seminários e encontros pedagógicos. Iniciou sua carreira em Pitanga-PR como professora e diretora de escola. Foi responsável pela coordenação da Campanha de Prevenção ao Tráfico de Mulheres, publicando as cartilhas “Liberte-se das Opressões – Diga Não à Violência”, “Tráfico de Mulheres, Não Deixe Acontecer”, e o livro “Direitos Humanos para Mulheres e Meninas”. Seu relevante trabalho foi reconhecido pela comunidade de Pitanga-PR, que em 2003, deu seu nome à Biblioteca das Faculdades do Centro do Paraná (UCP). Em abril de 2004, a Câmara Municipal de Pitanga lhe concedeu a outorga do título de Cidadã Honorária da cidade. A professora também foi homenageada pela UniBrasil, que denominou o complexo poliesportivo da instituição com seu nome e criou o “Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève” em função de inúmeras realizações na educação e na cultura. O concurso tem a finalidade de estimular e valorizar a produção literária de mulheres com idade entre 18 e 35 anos, promovendo “Mulheres Paranaenses” homenageando atuações relevantes para o estado do Paraná em vários setores: culturais, profissionais, empresariais, políticos e educacionais. Mãe de quatro filhos.


assinatura de Dirce Clève




Publicações:

  • Direitos humanos para meninas e mulheres, 2007.

  • Descobrindo novos horizontes… construindo pontes para um mundo melhor, 2012.

  • Família Merlin - memória é pura imaginação, 2014.



Fonte:

1- Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná. 

2- Antologia ‘Um Século de Poesia: poetisas do Paraná’ - Centro Feminino de Cultura, 1959.

3- Antologia ‘Sesquicentenário da Poesia Paranaense’ - Pompília Lopes dos Santos, 1985, patronesse na Cadeira n° 39 na AFLPR.

4- Reviver - Florentina Vitel de Macedo, 1972.

5- Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977, ocupante da Cadeira n° 24 na AFLPR.

6- Se me amasses… - Leonilda Hilgenberg Justus, 1982.

7- Antologia ‘Ajebianas no vôo da palavra’, 1993.

8- Oito Décadas - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018.

9- As janelas de Leonilda: a trajetória da escritora Leonilda Hilgenberg Justus, 2021.

10- Memorandum Florentina Vitel - Academia dos Campos Gerais, 2023, por Luísa Cristina dos Santos Fontes, ocupante da Cadeira n° 2 na AFLPR.



Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.



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4 ความคิดเห็น


luizajosefina
19 ส.ค.

Preciso da Biografia da Poetisa Fernandina Lagos Marques. Ela éPtronesse da Cadeira número 37 da Academia Palmense de Letras. luizajosefina@gmail.com

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Gabriela.bornstein
31 พ.ค.

Isaura Sydeny Gasparini foi minha bisavó! Adorei encontrar textos sobrte ela! Se quiserem adicionar a foto dela, lhe envio por aqui!

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Tereza Karam
Tereza Karam
15 เม.ย.

Inspiração!

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Tereza Karam
Tereza Karam
08 เม.ย.

Mulheres fazedoras de história que honraram sua passagem na Terra e nos inspiram!

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