Patronesse Rachel Prado
Virgília Stella da Silva Cruz (1891 - 1943) nasceu na cidade de Curitiba-PR conhecida por seu pseudônimo, Raquel Prado foi escritora, jornalista, educadora e empreendedora feminista, a primeira mulher editora, fundando em 1931 a ‘Editora Ravaró'’'. Considerada precursora na assistência social, pleiteou a merenda escolar; desenvolveu programas de puericultura; trabalhou na reeducação de criminosos em presídios; ocupou o cargo de Diretora do Departamento das Mulheres Proletárias, lutando pelos direitos das mulheres operárias. Precursora também no jornalismo, inaugurou a primeira aula no Brasil na cidade do Rio de Janeiro - na época capital do país -, e o Clube das Mulheres Jornalistas. Obteve o título de ‘solicitadora’ uma licença dada aos autodidatas competentes para exercer a advocacia, na falta de advogados diplomados, voltando-se especialmente à mulher e crianças desamparadas. Com temperamento profundamente artístico era chamada de “Mecenas de Saias” pois procurava reunir e aproximar artistas, auxiliando-os no que pudesse. Autora de mais de vinte obras publicadas sobre pedagogia, direito, sociologia, arqueologia, livros recreativos infantis entre outros; tendo publicações no Brasil e nos exterior. Organizou agências de publicidade e propaganda, tendo seu nome perpetuado como nome de rua no bairro das Mercês, em Curitiba e também, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Mãe de quatro filhos, foi sua filha estudando nos Estados Unidos que forneceu material sobre jornalismo e mesmo amargando a frustração de não ter conseguido manter sua editora no mercado, seu determinismo está imortalizado como uma precursora e inspiradora. Palavras ditas após seus filhos estarem criados:
“Tudo que sou, devo ao grande amor que tenho aos meu filhos, que foram o meu melhor estímulo para lutar e vencer.”
Publicações:
Lamúrias
Atlântida
Contos primaveris
A Educação à Luz da Teosofia
Contos Fantásticos
Diário de um menino
1976 - 1° Ocupante
Olga de Macedo Gutierrez (1923 - 2011) nasceu na cidade de Teixeira Soares - PR e viveu em Curitiba - PR, escritora, dramaturga, advogada com vários cursos de extensão, prestou concurso e tornou-se funcionária da Copel (1962 - 1975). Sentiu na alma a dor do preconceito social quando, substituindo seu chefe doente, não pode assumir o cargo tendo como justificativa sua condição de ser mulher. Fundou e foi integrante do coral COPEL. Ganhou o Prêmio Renaux como primeira aluna nas cadeiras de Economia Política e Finanças, traduzindo do espanhol o livro ‘Finanças’ de Vitti di Marco. Foi tesoureira na Legião Brasileira de Assistência (LBA). Com formação em Braille, foi professora voluntária de deficientes visuais por 22 anos e escreveu peças teatrais infanto-juvenis levando, pela primeira vez, cegos como artistas de palco, reportado pelo programa ‘Fantástico’ da Rede Globo de Televisão. De temperamento suave, cordial e compreensivo, com sua voz agradável foi oradora no Centro Paranaense Feminino de Cultura, discorrendo com sabedoria sobre assuntos em pauta, publicando seus 56 discursos em 2023. Fundou o Clube Soroptimista. Foi secretária da Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil (AJEB-PR). Foi conselheira da diretoria da Academia Feminina de Letras do Paraná no biênio 2008-2010. Mãe de nove filhos.
Peças teatrais para cegos:
‘O Progresso’
‘Empregada Mecânica’
‘Milagre de Natal’
Publicações:
Figuras e Fatos, 1964.
Pequenos Momentos da História do Centro Paranaense Feminino de Cultura em Discursos, 2003.
Antologia ‘Mulheres escrevem’ - três crônicas 1997
Mãe Preta
Curitiba, minha cidade querida
Carnaval de bonecas
“Foi contemplando seu belo céu azul que eu aprendi a sonhar. Quando criança costumava seguir as nuvens brancas ou coloridas que o vento dava as mais caprichosas formas e deixar que a imaginação as transformasse nas coisas mais diversas. Ora grandes barcos, ora animais ou mesmo duendes ou fadas que lá do imenso céu de anil contemplavam os que se movimentavam aqui em baixo, sem tempo para olhar o céu e sonhar.” (trecho de ‘Curitiba minha cidade querida’)
2011 - 2° Ocupante
Maria Thereza Brito de Lacerda (1927-2014) nasceu na Lapa-PR, sendo a 14° filha de José Lacerda e Cecília Brito de Lacerda, intitulada pela mãe de “esperalvite” por sua presença cheia de movimentos e malabares em árvores e janelas, numa característica que a acompanhou durante a vida, quebrando paradigmas de uma “moça de família” ousando estudar sozinha em Paris, divorciando-se e assumindo um romance com o poeta francês Jean Valent Dobignies, sendo sua musa inspiradora, tradutora e uma francófila. Bibliotecária, memorialista, pesquisadora, escritora, professora de francês. Desde jovem lançou seu olhar para o empoderamento feminino e engajou-se para eleger a primeira deputada paranaense, Rosy de Macedo Pinheiro Lima. Foi Presidente do Centro Paranaense Feminino de Cultura no biênio 1945-1947 e participou da criação da Sala Paranaense da Biblioteca Pública do Paraná. Sua produção literária envolve diversos artigos, crônicas e contos publicados em jornais, revistas, boletins informativos e inúmeros livros.
Publicações:
O Palacete Wolf - 1978
Lapa: análise histórica - 1979
Subsídios para a História do teatro no Paraná - 1980
Café com mistura - 1984
Chico memória - 1987
Cartas da minha cozinha - 1990
As mocinhas da cidade - 1991
A lida goiabada - 2000
A magia do casarão - 2003
A pedra do caminho - 2009
Os franceses no Paraná - 2009
Sonnet d' Automne (Jean Valentin Dobignies)
En t'adorant d'amour j'ai perdu ma sagesse,
Dans le soir de tes yeux je me suis reposé,
Je te fais ce aveu je n'eus pas dù l'oser,
Mon rêve c'est ton corps embaumé de jeunesse.
J'ai commis le péché d'avouer ma faiblesse
Et dans tes mains d'enfant jái mon coeur dóposé.
N'attarde de pas le sort que tu veux m'imposer.
Ne me suis-je ainsi fait ton esclave oh! maîtresse!
D'un regard d'ironie tu peux m'ouvrir l'enfer,
d'un mot cruel tu peux mettre mon coeur aux fers,
le codamner d'un geste au poteau de torture;
Mais, tu peux aussi bien d'un sourire amoureux,
faire de mon automne un printemps merveilleux:
La plus belle saison de ma longue aventure.
Soneto de Outono (Tradução Maria Thereza Brito de Lacerda)
Ao te adorar, de amor perdi a razão.
Na noite dos teus olhos, descansei.
Como ouso te fazer esta declaração
Teu corpo perfumado de juventude, sonhei.
Confessar minha fraqueza foi meu pecado,
Em tuas mãos de criança, deixei meu coração,
Não tardes em revelar a minha sorte
Pois, bela senhora, tornei-me teu escravo!
Com um olhar irônico o inferno me abrirás,
Com uma palavra cruel, meu coração acorrentarás,
Estarei condenado a mais cruel tortura.
Mas poderás também com uma palavra amorosa,
Fazer do meu outono primavera maravilhosa,
A mais bela estação da minha longa aventura.
2018 - 3° ocupante
Rita de Cassia Martelozo Cassitas Cavalcante de Lima é doutoranda em Cinema e pesquisadora do PROSUP/CAPES. Mestre em Comunicação e Linguagens; especialista em Engenharia da Informação; em Didática do Ensino Superior e em Filosofia e Existência; graduada em Processamento de Dados pela UFPR. Fez carreira na área tecnológica atuando por 20 anos em grandes empresas no Brasil e exterior, tendo que aprender a se posicionar num ambiente predominantemente masculino. Como professora, integrou a equipe de várias instituições de ensino superior, e é autora de romances, artigos, roteiros e ensaios premiados, publicados no Brasil e no exterior em português e inglês. O livro ‘Domingo o jogo’ em 2011, foi best-seller digital por 33 semanas nos rankings de O Globo e Folha de São Paulo. É pesquisadora convidada na Universidade do Algarve/Portugal e integrante de diversas instituições culturais. Presidente da Academia Feminina de Letras do Paraná no biênio 2020 - 2022 e 2024 - 2026, sua presença preenche o ambiente com elegância, suavidade e competência. Mãe de dois filhos.
Publicações:
“Você precisa reconhecer sua força no cansaço, não basta ser forte apenas quando está tudo bem. Nas pistas e na vida, a dificuldade carrega a energia que vai te aprimorar ou te aniquilar.
…
Corpo, bicicleta e pista se unem, fundindo-se em um corpo, impulsionado numa unidade. Quando você se torna parte do cenário à sua volta, seus pensamentos te guiam. Com técnica e velocidade, a vitória é sua.” ( trecho do livro ‘O menino que pedalava’)
Fonte:
1- Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná
2- Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977 ocupante da Cadeira n° 24 na AFLP
3- Mulheres escrevem - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 1997
4 - As mocinhas da Cidade - Maria Thereza Brito de Lacerda, 1991
5- Alguns poemas de Jean Dobignies, 2012
6 - O menino que pedalava - Rita Cassitas, 2015
7- Oito Décadas - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026
Importante preservar histórias reais e atuantes.
História de vidas que nos inspiram