A natureza humana só tem progredido graças a análise percuciente da realidade. E, o homem, na sua longa caminhada pelos séculos, muitas vezes aprendeu destruindo. Serve o exemplo do mecânico que só entende da máquina que lhe é presente depois de analisá-la e muitas vezes desmontá-la, conjecturando sobre as possibilidades do funcionamento harmônico de suas peças.
Já colocou Pradines que “não é construindo que nos tornamos construtores, mas destruindo... Dessa maneira que denominamos análise e que consiste em reduzir a seus elementos as coisas que a destruição brutal reduz a ruínas; trata-se de destruir para buscar, nesse procedimento, o segredo e a força da construção."
Essa manifestação do espírito analítico surge, na criança, aos primeiros contatos com o mundo.
A manipulação de seres e coisas é a primeira fase demonstrativa do mesmo. A criança anseia por pegar, olhar, apertar e muitas vezes, quebrar.
Dessa forma, surgem fatos interessantes, como aquele do menino que descolara a fita emoldurante de uma gravura representativa de um rio.
Ao ser inquirido sobre os motivos de tal atitude, ele responde: "eu só queria ver para onde iam as águas do rio."
A resposta bem demonstra, em suas implicações, que a curiosidade normal da criança supera o próprio dado e não se satisfaz com a aparência e o visto.
Decorre da meditação que é imperativa uma mudança de mentalidade no que se refere às atitudes adultas diante de crianças supostamente destruidoras, assim como uma modificação que já está sendo verificada, no setor de confecções de brinquedos.
A criança deve ser permitido e oferecidas oportunidades para que possa analisar, estudar, pesquisar, desde a mais tenra idade, nas primeiras manifestações de seu espírito curioso.
Tais possibilidades implicarão em maior criatividade e sensibilidade na vida adulta, somando resultados magníficos para o ideal de um futuro melhor e mais belo.
O segredo e a força da construção, aliados ao mistério das potencialidades criativas, poderá ser desvendado graças à lucidez das almas sensíveis e ao poder invejável da infância.
Leilah Santiago é professora ocupante da Cadeira n° 36 na Academia Feminina de Letras do Paraná
Experiência de vida aliada ao conhecimento