José nasceu pobre. No entanto, Ricardo, de acordo com seu raciocínio, a facilidade de relacionamento permitia que ele criasse laços com pobres e ricos. Nas brincadeiras de rua, ele aprendeu que seus amigos não eram nem ricos nem pobres, mas simplesmente meninos mais ou menos habilidosos, com mais ou menos bolinhas de gude. Sua pobreza lhe parecia normal, insignificantes ao redor das bolinhas. Eu me pergunto se essa maneira de encarar a própria realidade já não fazia dele uma pessoa menos pobre. De certa forma, José começava a enriquecer.
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José questionava-se: "O que realmente é preciso para ter uma vida que faça sentido e traga paz, conforto e alegria?" Nem todos os equipamentos eletrônicos e sorrisos de aprovação, nem todos os opcionais a que a sociedade se habituou são requisitos para a felicidade de todo ser humano. "Estabelecer as próprias metas é fundamental para alcançar a satisfação e a liberdade", pensava. Para atingi-las, José sabia, era preciso empreender a boa luta, onde o trabalho não implica a demolição dos próprios princípios nem relegar ao esquecimento os alertas do corpo e da alma.
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De tempos em tempos, mentes brilhantes descobrem o fluxo e dão novo rumo à sua existência: José foi ótimo com os números; Marina foi brilhante com a vida. A mudança não vem necessariamente da abundância: foram necessárias três gerações de muito trabalho e sabedoria para que deixassem para trás a pobreza e seus desdobramentos, tornando-se aptos para desenvolver um estrutura financeira e emocional para que Ricardo e Carolina pudessem iniciar sua vida em outro patamar - destinos derivados, mas desiguais, como desiguais são os homens, os povos e as situações.
Cassia Cassitas é contadora de histórias contemporâneas e este é um trocho do seu livro 'Fortuna - a saga da riqueza' ocupa a cadeira n° 1 na Academia Feminina de Letras do Paraná, presidente na Gestão 2020 - 2022 e vice-presidente na Gestão 2022 - 2023.
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