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Regina Vogue - Membro Honorário

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presidente Rita Cassitas e Regina Vigue
Presidente Rita Cassitas e Regina Vogue - registro fotográfico por Arriete Rangel de Abreu da SemeArte Cultura

É com imensa honra que nos reunimos nesta ocasião especial para acolher uma nova integrante em nossa prestigiosa instituição. 


Desde sua fundação, esta Academia tem sido guardiã da cultura, das letras e do pensamento. Receber uma nova imortal é um ato que reafirma nosso compromisso com a arte, a literatura e o conhecimento, celebrando trajetórias que enriquecem o cenário cultural e inspiram gerações.


Hoje temos a alegria de dar boas-vindas a Regina Vogue, uma artista cuja carreira é marcada por uma profunda paixão pelas artes cênicas e por um compromisso inabalável com a formação de novas plateias de teatro.


Sua dedicação incansável em compartilhar seu talento e sua experiência com as crianças reflete não apenas generosidade, mas também a consciência da arte como legado.


Desde o nascimento, Regina Vogue foi agraciada com um dom especial para a interpretação. Expressar um talento nato de maneira plena exige uma fusão de autoconhecimento, disciplina e presença marcante – qualidades que a acompanham ao longo de sua brilhante carreira.


Nascida em Caçador, Santa Catarina, ainda menina mudou-se com a família para Porto Alegre, onde cresceu sob o olhar atento dos avós. Desde cedo, encantava as visitas com aquilo que mais amava: dançar e criar coreografias, que executava com perfeição. Essa busca constante pela excelência tornou-se um traço marcante de sua personalidade.


Na adolescência, conquistou prêmios em concursos e bailes, mas sua inquietação artística a impulsionava a buscar mais. Desde sempre, Regina Vogue quis ser artista. E fez dessa vocação a missão de sua vida.


A magia do circo chegou em sua vida aos 16 anos. O circo, com suas cores vibrantes, a alegria dos palhaços e o fascínio das acrobacias, tornou-se seu primeiro grande palco. Durante anos, as companhias circenses foram as principais responsáveis por levar espetáculos culturais a todos os cantos do país, especialmente os mais isolados e carentes.


Fascinada por essa arte, Regina fugiu de casa com um circo que havia se apresentado em Porto Alegre, em busca de sua realização como artista. Foi sua primeira escola, onde aprendeu a engolir fogo, ser alvo do atirador de facas e demonstrar força capilar ao ser suspensa pelos cabelos. Seu lema sempre foi: “Me ensina que eu faço!”


Sem nada receber por suas atuações, nunca se deixou desanimar. Seguiu firme em seu sonho de brilhar no picadeiro, bordando seus figurinos com lantejoulas e plumas, sempre com a esperança de um futuro brilhante. Foi no circo também que Regina teve seu primeiro contato com o público infantil, que se tornaria seu foco primordial.


Depois de alguns meses, retornou à casa da avó, mas a inquietação artística logo a levou a outro desafio: as touradas. Integrou-se a um circo de touradas e, mesmo após um primeiro desempenho desastroso, reafirmou sua determinação: “Me ensina que eu faço!” Assim, tornou-se uma toureira performática, com capa vermelha, flor escarlate nos cabelos e figurino impecável.


Contudo, sua jornada não se encerraria ali. Ao saber da existência de um Teatro-Pavilhão em Florianópolis, Regina decidiu abandonar as touradas e aventurar-se no teatro. 


O Teatro-Pavilhão, uma forma híbrida entre teatro e circo, inspirada nos teatros itinerantes europeus, foi amplamente utilizado por companhias mambembes no Brasil a partir da década de 1920. Esse espaço dinâmico exigia dos artistas versatilidade e capacidade de improvisação, características fundamentais para a formação de grandes atores.


Regina ofereceu seus talentos circenses ao dono do pavilhão, mas foi informada de que ali era necessário atuar. Começou então no figurino, lavando e engomando roupas, imersa na magia dos espetáculos. Esse foi o início de sua transição para os palcos formais.


A vida, contudo, trouxe-lhe novas responsabilidades. Com dois filhos para criar e buscando estabilidade, Regina voltou a Porto Alegre. Mas sua arte nunca deixou de pulsar. 


Nos anos 1980, mudou-se para Curitiba, onde encontrou sua verdadeira vocação: o teatro para crianças.

Com dedicação inabalável, começou a atuar e produzir espetáculos infantis. Suas produções rapidamente se destacaram pela qualidade e sofisticação, conquistando escolas e formando novas gerações de espectadores. As crianças curitibanas tiveram o privilégio de assistir a clássicos como Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado, O Menino Maluquinho, de Ziraldo, entre outros.


Regina Vogue sempre defendeu que a arte infantil deve ser tratada com o mesmo rigor e respeito que qualquer outro gênero teatral. Diz ela: “Não se pode tratar a plateia de crianças de forma imatura, e, ao mesmo tempo, jamais se pode tirar a fantasia.”


Em 2006, ao lado de Maurício Vogue e Carmen Jorge, fundou o Centro de Estudos de Teatro para Crianças (CENTEC), um marco na pesquisa e ampliação das linguagens teatrais voltadas ao público infantil. 


Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios como o Título de Cidadã Honorária do Paraná e de Curitiba, em 1994, Prêmio Gralha Azul, de melhor atriz com a peça A Outra, mais um Prêmio Gralha Azul de melhor espetáculo para crianças. Seguiram-se mais quatro prêmios Poty Lazzarotto de melhor espetáculo.


Coroando sua trajetória, teve seu nome eternizado no Teatro Regina Vogue, um espaço onde milhares de crianças são beneficiadas com espetáculos de altíssima qualidade.


Como atriz, participou de 23 peças de teatro e oito longas metragens, com cineastas consagrados como Aly Muritiba, Irmãos Schumann e Paulo Biscaia Filho.


Ao completar 50 anos de carreira, em 2010, foi agraciada com uma Honra ao Mérito, concedida pelo Centro Cultural Teatro Guaíra.


Palavras que a definem: Talento. Coragem. Humildade. Gratidão.

E extraímos dela uma lição de vida valiosa, resumida em sua frase: “Me ensina que eu faço!”


Seja bem-vinda, Regina Vogue!



 Liana Justus - ocupante da Cadeira n° 11


Livro de Regina Vogue - No centro da liça



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