Patronesse
Ludovica Borio (Dona Vica) (1865 - 1934) nasceu em Turim na Itália e em 1889 veio para o Brasil com seu noivo e primo, João Batista Borio com quem se casou, fixando residência em Paranaguá-PR. Musicista, exímia pianista diplomada pelo Conservatório de Turim, citarista, cantora e professora. Dominava o francês e o latim e, logo que chegou no Brasil, iniciou o estudo da língua portuguesa; conhecedora de matemática, geografia, história e ciências naturais criou em seu lar “um centro de estudos, de serões musicais e literários e de intensa irradiação cultural e artística”; fundou um colégio simples e pobre em contraste ao de sua educação europeia, mas modificou a realidade da cidade investindo na instrução de crianças e adolescentes; conhecedora das artes do desenho e bordado, sob sua orientação muitas noivas fizeram seus enxovais e as sociedades recreativas confeccionaram estandartes bordados a seda e fios de ouro; lecionava música: piano, canto, bandolim; católica, foi professora de catecismo, preparando menina e meninos para a primeira comunhão. A diferença cultural vivenciada em relação a Europa, colocou no coração do casal a disposição de empreender e seu marido, inicialmente barbeiro e cabeleireiro, em 1892 fundou uma tipografia e livraria, na época bem sucedidas e conhecidas. Sua casa era frequentada por intelectuais que deixaram registrado “joias literárias” no ‘Álbum de Visita’. Em 1920, encenou com alunos a peça ‘A Vovózinha’ de Emiliano Perneta, - assistido por ele -, musicada por Benedito Nicolau dos Santos e encenada posteriormente no Teatro Guaíra em Curitiba-PR, quando passou a residir na capital e lecionar piano para a elite curitibana. Trabalhadora incansável, Dona Vica mais velha, já de cabelos grisalhos estudou violino e inglês. Transitou por São Francisco do Sul, na época pertencente ao Paraná, com exposições de trabalhos manuais em Eventos Culturais; o Clube Literário de Paranaguá concedeu-lhe o Título de Sócia Honorária, em atenção aos relevantes serviços prestados à cidade; a Prefeitura de Paranaguá também a homenageou com nome de rua ‘Dona Ludovica Borio’. Faleceu em São Francisco do Sul em 1934, onde mudou-se por orientação médica, na tentativa de melhorar seu quadro de saúde, prejudicado por problemas cardíacos e de diabetes.
1972 - 1° Ocupante
América da Costa Sabóia, professora, nasceu em Paranaguá-PR, foi aluna brilhante no curso primário e secundário, interessava-se pelos Programas de Ensino e dialogava com seus professores sobre a interpretação deles. Formada, iniciou sua carreira lecionando no interior do Estado do Paraná e reorganizou o Grupo Escolar de Rio Negro; posteiormente em Curitiba, no Instituto de Educação e na Escola de Professores do Paraná, lecionou Metodologia de Ensino e Língua Portuguesa. Pertenceu a vários centros culturais como o Centro de Letras do Paraná; Centro Paranaense Feminino de Cultura e foi presidente no Clube Soroptimista de Curitiba.
Acróstico de Odila Portugal Castagnoli na posse de América Sabóia:
Amplesco fraterno do universo
Medina, luminária, na amplidão.
Eterno manancial do coração.
Retrato, aqui na Terra, nestes versos
Inspira para o bem: é só amor
Condadeira, no saber, constelação
América Sabóia é galardão!
Publicações:
Antologia Didática de autores Paranaenses, 1976 (em colaboração com Hellê Vellozo)
Curitiba de minha saudade (1904 a 1914)
1984 - 2° Ocupante
Maria Luiza Burtz Merkle (1900 - 1990) professora, nasceu em Mulhouse, na Alsácia Francesa sob o domínio Alemão, aprendeu a falar francês e alemão. Em 1909 chegou com a família ao Brasil, instalando-se na Colônia Afonso Pena em São José dos Pinhais-PR; estudou no Colégio Divina Providência e Colégio Tiradentes, tornando-se Professora Normalista em 1917. Primeira professora nomeada pelo Estado do Paraná em 29 de abril de 1918, recomendada pelo professor Dario Vellozo lecionou em Jaboticabal, hoje município de Carmópolis; em Morretes foi Diretora e a Primeira Inspetora de Ensino do Paraná, visitando as 17 escolas a pé, a cavalo ou carroças, Primeira Chefe B de Morretes; em Curitiba-PR foi Diretora do Colégio D. Pedro II até se aposentar em 1960; pertenceu a Diretoria da Associação dos Professores do Paraná entre 1963 e 1966; escreveu cerca de 200 crônicas para o jornal ‘Gazeta do Povo’ e ‘Diário Popular’; e publicou cinco trabalhos sobre Ecologia: Natureza e Animais. Participou ativamente de várias associações e centros culturais como a Associação de Defesa e Educação Ambiental e o Centro Paranaense Feminino de Cultura, do qual foi “Mãe do ano em 1979”; recebeu várias homenagens e uma portaria do ano de 1924 o elogio “ação profícua excelente na Instrução Pública do Paraná”. Mãe de dois filhos.
NOSSA TAREFA (15/01/1978)
Sempre, entre os povos, foi tarefa da mulher não só criar os filhos, como também neles despertar o orientar os valores necessários à sua gente.
Assim entre nós, querida leitora é a mulher, como mãe e como mestra, que encaminha a infância incutindo-lhe os sentimentos que se manifestarão mais tarde nos seus atos, quando adultos.
Veja como o mundo está cheio de agressividade. Repare como a violência e crueldade estão tomando conta dos homens que já nem refletem em cometer crimes de toda sorte, e sem temer as consequências.
E para muitos nem a vida nada vale: mata-se à toa por qualquer motivo, por cobiça ou vingança; e povos contra povos sacrificam juventude em guerras que poderiam ser resolvidas de maneira pacífica. E o suicídio. quando não de maneira drástica, acontece a longo prazo com vícios que vão minando a saúde, como se esta não fosse um bem a ser respeitado.
Você, vendo todos estes descalabro, já refletiu que nós mulheres temos de lutar intensiva e constantemente para, ao menos no ambiente em que vivemos, formar mentalidades sãs que possam resistir ao que levará o mundo ao caos?
Então você - mãe ou professora - ensine à criança o respeito a si própria, ao seu semelhante, e a tudo que nos rodeia. Sim, tudo, também os animais e as plantas têm seus direitos, e a criança deve, desde cedo, aprender a respeitá-los principalmente seu direito à vida.
Abra-lhe os olhos para o que é belo: as flores com seu colorido, as borboletas voejando, o zum-zum das abelhas, canto dos passarinhos; a floresta imponente, o verde dos campos e a imensidão do horizonte.
Ensina-lhe a apreciar as pequenas alegrias: são muitas delas que, somadas, nos dão felicidade, força e alento na luta pela existência.
Sabendo a criança de hoje que tudo tem seu valor e função definida, o homem de amanhã respeitará seu semelhante, o solo pátrio e sua natureza, para bem do povo a que pertencemos.
1991 - 3° Ocupante
Roza de Oliveira professora, declamadora, é "fluminense de nascimento (Santo Antônio de Pádua – RJ) e paranaense por adoção". Desde pequena envolveu-se com a poesia, declamando em sua igreja e sendo escolhida para discursar em nome das escolas no 4° ano primário (hoje fundamental) em Paranavaí. Professora primária desde os 15 anos continuou sua formação com Graduação em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranavaí-PR e Mestrado em Literatura Brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Engajou-se em vários projetos: Oficina de Poesia ‘Despertando o Ser Poético’, para professores, adolescentes e adultos da Melhor Idade; conferencista e declamadora, ao lado de seu marido Pianista Julio Enrique Gómez, no projeto lítero-musical ‘Lançando a Rede na Lua’; atuante na ‘Sala do Poeta’ fundada por Pompília Lopes dos Santos, deu continuidade ao Projeto e na condição de Presidente, transformou-o em Academia Paranaense da Poesia, tornando-se em 2016 Presidente Emérita. Membro de várias instituições culturais como a Academia Sul Brasileira de Letras, Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Cultura e União Brasileira de Trovadores (UBT Seção Curitiba). Como escritora, integra várias antologias, possui produções científicas e livros publicados em vários gêneros: poemas, ensaios, contos, poemas infanto-juvenis, trovas e a Tese de Mestrado ‘As Imagens do Ar nos Poemas de Tasso da Silveira’ publicada em 2001, pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. É detentora de prêmios por poesias e homenagens como: Placa de Prata da população de Paranavaí em 1986; Comenda ‘Dama Ruge’ em 1190; Diploma de Honra ao Mérito em 1992 no I Encontro de Mulheres Notáveis pelo Centro Paranaense Feminino de Cultura; Placa de Prata em 1996 pelo Governo do Estado do Paraná; Homenagem de alunos da Universidade Tuiuti (1997,1999,2000); Medalha de Mérito ‘Fernando Amaro’ em 2004 pela Câmara Municipal de Curitiba. Assim fala Elieder Corrêa da Silva, ocupante da Cadeira n°25, em 2010 na ‘Oficina da Poesia’ na Biblioteca Pública do Paraná: “...tenho o prazer do convívio periódico onde sempre reina grande alegria; locais esses que são: esta Oficina, o almoço e o café nas tardes de sábados especiais, no Centro Paranaense Feminino de Cultura, no Centro de Letras do Paraná e outros. Também, não posso deixar de mencionar o esposo e companheiro da Roza, o músico e pianista Júlio Gomes, que nos extasia com belas músicas. Concluindo, agradeço a Deus pelo privilégio de conviver com pessoas tão nobres e que fazem a diferença no mundo comtemporâneo”.
TESTAMENTO
Eu sei que meu momento vai chegar
que das limitações eu sairei.
E tudo que eu colhi hei de deixar
pois noutra perfeição me integrarei.
Quero deixar minh’alma congelada
nas imagens sonhadas com ardor.
Quero ser luz na escuridão da estrada
quero ser sal nas vidas sem sabor.
Quero deixar pra mente torturada
o passaporte para a liberdade
de contar na terrena caminhada
Com a riqueza do sonho e da poesia
que são brinde a toda a humanidade
luz própria, paz, conforto e alegria.
Publicações:
Escalada - poesia, 1979.
Halley Cruzado&CIA - poesia, 1986.
S.O.S Vida verde paz no pesadelo da violência - poesia, 1989.
Passei cósmico - contos infantis, 1989.
A menina que queria voar - contos infantis, 1990.
Minhas trovas de humor, 1992.
Paródias musicais, poemas e trovas para as celebrações escolares, 1992.
Poemas de amor, 1993.
O cavalinho de Guilherme - contos infantis, 1993.
Caracolando, 1997.
As imagens do ar nos poemas de Tasso da Silveira - ensaio crítico,2001.
Pílulas revestidas de trovas de amor e humor, 2003.
Poesias para nossas crianças, 2004.
Magistério e Poesia - Jubileu de Ouro, 2006.
Fonte:
1 - Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2 - Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977, ocupante da Cadeira n° 24 na AFLPR.
3- Centristas do Jubileu de Diamante, 2009.
4 - Coletânea da Academia Paranaense da Poesia, 2012.
Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.
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