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Linha do Tempo Cadeira n° 15

Atualizado: 13 de jul.


 linha do tempo com patronesse Amélia Assunção , data de posse de Flora Camargo Munhoz da Rocha e Elizabeth Raffo Setti

Patronesse

Auto retrato da pintora Maria Amélia Assunção

Maria Amélia Assunção (1883-1955) pintora e professora, nasceu em Joinville-SC e desde a infância já tinha tendência para a pintura, assim como, condição socioeconômica para estudar e desenvolver suas habilidades. Filha de Juiz de Direito, sua formação incluiu línguas estrangeiras e a leitura de muitos livros. Criou um mundo de beleza, produzindo a arte das flores e natureza-morta com suas telas em destaque em pinacotecas paranaenses. Com 17 anos casou-se, teve um filho e ficou viúva no mesmo ano, residindo naquela época no Rio de Janeiro-RJ.  Com 25 anos, perdeu o pai e resolveu voltar para Curitiba-PR, onde já havia residido, em função da atuação do pai. Estava sozinha em 1908 e com um filho de 7 anos, voltou-se para sua pintura como forma de sustento. Teve aulas com o pintor Alfredo Andersen e sua primeira exposição em 1917, no Liceu de Artes e Ofício do Rio de Janeiro foi alvo de entusiástica acolhida, expondo mais tarde em 1921 e 1925. Em 1930, já com 47 anos, após 30 anos de viuvez, casou-se com Pamphilo D’Assumpção, que a incentivou promovendo exposições. Naquela época, era rara a casa de classe alta curitibana que não tivesse um quadro de Amélia Assunção. Faleceu aos 72 anos.





1975 - 1° Ocupante

Fotografia de Flora Camargo Munhoz da Rocha com pelerine azul royal e brocado dourado

Flora Munhoz da Rocha (1911-2014) cronista, contista e romancista, nasceu em Curitiba-PR, filha do político Affonso Camargo, que foi Presidente do Paraná e Senador. Sua educação ocorreu em colégios internos em Curitiba-PR e no Rio de Janeiro-RJ.  Durante o tempo em que  seu marido, Bento Munhoz da Rocha Netto era vivo, ela era vista como a mulher do político e duvidava-se que fosse a autora de crônicas e  contos publicados em jornais e que também, escrevesse livros. Foi, por muitos anos, colaboradora semanal do jornal ‘Gazeta do Povo', do ‘Jornal da Imprensa’ do Rio de Janeiro, e da revista ‘O Cruzeiro’. Seu conto ‘Elisa’ teve os direitos comprados pela Rede Globo e foi adaptado para o programa ‘Você decide’. Seu poema ‘Canção Nupcial’ foi musicado pelo maestro Eleazar de Carvalho, apresentado em noite de gala pela Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, com a soprano Lia Salgado. Filha e nora de Presidentes do Estado, ela se tornou esposa de Governador, em 1951. Suas novas atribuições permitiram que realizasse obras admiráveis no campo social, com a criação no estado da ‘Legião Brasileira de Assistência’; implantação de 40 postos de puericultura nas cidades do interior e a ‘Creche Branca de Neve’, para crianças de Curitiba; fundação na capital da ‘Cidade dos Meninos’, para abrigar até 300 adolescentes, sob orientação pedagógica de padres especializados no ensino profissionalizante.  Foi uma das fundadoras da Academia Feminina de Letras do Paraná, exercendo  a Vice-presidência durante a primeira gestão. Recebeu inúmeras condecorações e foi reconhecida como escritora, ingressando aos 97 anos na Academia Paranaense de Letras. Chegou a completar 100 anos numa festa realizada pelos 5 filhos, 17 netos, 30 bisnetos e 3 trinetos, no Graciosa Country Club de Curitiba.


Trecho do livro ‘Domingo a gente se fala’ de 1975:


O DIA DAS MÃES


Um grupo de jovens maridos que prestou às esposas e mães de seus filhos, uma homenagem comovedora no dia das mães, merece nossa efusiva louvação.

Libertos de preconceitos, ofereceram um caprichado almoço, executado por suas próprias mãos. Tudo do princípio ao fim. Sem a contribuição de ninguém, nem das empregadas que liberadas foram comemorar o dia, ao lado de suas respectivas mães.

As  esposas foram intimadas a aparecer, como visitas, depois do meio-dia, enquanto eles, desde cedo lidavam com as compras, panelas e sobremesa.

Mesmo quando as mulheres já se encontravam tagarelando confortavelmente em macias poltronas, eles ainda zanzavam de avental pra lá e prá cá, à cata de talheres, de toalhas de mesa, de pratos. Tudo muito bem disciplinado e com total refinamento como manda a etiqueta. Até centro de mesa prepararam, com frutas e flores silvestres.

Após o cafezinho e toda a louça lavada, finalizaram com uma entrada triunfal na sala, de rosa vermelha na mão, acompanhada do beijo mais afetuoso pela data de alto significado.

O “muito obrigada” foi mudo, porém, eloquente na beatitude do sorriso, nos olhos mal sustentando as lágrimas que teimam em querer cair, e no enternecido aperto de mão.

Este gesto masculino, transbordante de delicadeza é inédito e verdadeiramente glorioso. Simboliza, na sua simplicidade uma atitude de sabedoria humana que contribui para a alegria de viver das esposas, ampliando e enriquecendo seu latente desejo de dedicações.


assinatura de Flora Munhoz da Rocha



Publicações:

  • Apontamentos, 1954.

  • Crônicas de Domingo, 1956.

  • Três menos Um - peça teatral, 1956.

  • O Armazém de Seu Frederico - contos, 1973.

  • Domingo a Gente se Fala - crônicas, 1975.

  • Ida e Volta - flagrantes de viagens, 1976.

  • A Beleza de Ser Criança, 1977.

  • O Sofá Azul, 1980.

  • Bento Munhoz da Rocha Netto e A Imagem que Ficou, 1985.

  • Quadros sem Molduras, 1986.

  • Entre sem bater - memórias, 1998.





2024 - 2° Ocupante

Fotografia de Elizabeth C. R. Setti com pelerine azul royal e brocado dourado

Elizabeth C. R. Setti é o nome literário de Elizabeth Raffo Setti, nascida em Curiúva-PR, escritora, pintora, musicista e compositora. Formada em 1975, em Estudos Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Uma escritora dos Campos Gerais, de pai e mãe Castrenses que se enamoraram nas águas sulfurosas da fonte Santa Terezinha, o “Point” da época. Os pais se mudaram para Curiúva e quando Elizabeth estava com 15 anos, para Curitiba-PR. Durante muitos anos envolveu-se com as artes plásticas, que revelavam seu interior, mas por uma fatalidade vivenciada as obras foram destruídas por ela mesma num processo catártico de luto. Começou a escrever após os 50 anos, já com os filhos criados e seus livros, em sua maioria, são histórias reais romanceadas. O romance biográfico, dividido em dois volumes: ‘Emília Erichsen e o primeiro Jardim de Infância do Brasil’ foi distribuído em todas as Bibliotecas Municipais e ‘Farol do Saber’ na gestão do Prefeito Rafael Greca. Como pintora, participou de exposições colegiais e está catalogada no livro de Adalice Araújo sua participação na exposição de ‘Os Melhores da Praça’. Como compositora destacam-se as canções ‘Acaso você viu’ cujo acompanhamento foi dirigido por ela mesma; ‘San Angelo’; ‘Cafés e Cafunés’ e ‘Fight and Mirror’, com letra em inglês. Antes de escolher a escrita, Elizabeth entendia-se como uma cinéfila incorrigível. Fez um breve curso de roteiro e roteirizou seu primeiro livro, com o título ‘Nas Águas do Iapó’, inspirado no macro-conto de sua mãe. A influência do cinema se reflete na sua obra escrita, fazendo com que o leitor tenha a sensação de estar vendo um filme estruturado num roteiro dinâmico. Membro do Centro de Letras e do Centro Paranaense Feminino da Cultura. Mãe de três filhos.



Poesia do livro ‘Reverberações: Sóis, Estrelas e Madrugadas de Helena’


Mesmo que antes de mim

outros contemplassem

A mim assomou-se

ainda que com lentidão


Mesmo que uma bruma secular

meus olhos tenha cegado

uma frincha descortinou

O nobre de mim


São meus olhos que veem

São meus dedos que tocam

É minha boca que pronuncia

O que agora também é meu

assinatura de Elizabeth Setti





Publicações:




Fonte:

1- Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná. 

2- Domingo a Gente se Fala - crônicas, 1975.

3 - Reverberações: Sóis, Estrelas e Madrugadas de Helena, 2023.


Post elaborado por Tereza Karam, ocupante da Cadeira n° 28 e Diretora de Comunicação na Gestão 2024 - 2026.


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Tereza Karam
Tereza Karam
May 13

Me inspiro a cada História e procuro honrar a vida das mulheres antecessoras, que ousaram desafiar seu tempo e abriram possibilidades para que hoje possamos usar dona e talentos!

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