Cadeira nº25

Patrona

Maria Luzia Ruth Junqueira (1903-1956) nascida em Ponta Grossa-PR foi professora normalista, iniciando suas atividades em Castro-PR e posteriormente em Ponta Grossa-PR. Sua formação foi além do magistério: guarda-livros, equivalente ao curso de contador; datilografia e taquigrafia; enfermeira “Samaritana” pela Cruz Vermelha; auxiliar de serviço social; ‘Orientação de Obras de Proteção Social - Departamento Nacional da Criança e Instituto de Assuntos Interamericanos’, curso exclusivamente para cargos de Direção. Exerceu inúmeros cargos no exercício do magistério, tornando-se Inspetora Municipal de Ensino; Diretora do grupo Escolar ‘Dr. Vicente Machado’ em Castro; Regente de Classe na Escola Aplicação em Curitiba-PR, onde também prestou serviço junto à Associação de Assistência à Criança do Paraná.
Recebeu inúmeras honrarias e elogios, destacando a medalha de ‘Honra ao Mérito’ conferida a ela, em 1943, pelo diretor da Escola de Enfermeiras da Cruz Vermelha, Dr. Aramis Athayde, para as “Samaritanas" que mais se distinguiram em suas turmas. A primeira ocupante, também professora, Adelaide Mattana Villa, assim descreve seu primeiro encontro com a patronesse, numa situação delicada envolvendo questões de Instituições de Ensino: “Inteiramente conquistada (ou dominada?) pela voz dulcíssima de Maria Ruth, pelo seu jeito informal e simpático, pelo bom senso na análise do problema, desapareceram minhas desconfianças, “minhas verdades” e, em lugar de arrojadas queixas, humildemente pedi sua compreensão, sua colaboração e saí da entrevista leve, despreocupada e, ainda, agraciada com um belíssimo elogio pela maneira delicada, porém firme, com que eu lhe apresentara o problema”. Mãe de um filho. A poetisa Aurora Curi, ocupante da Cadeira n° 20, assim descreve a professora Maria Luiza Ruth Junqueira neste soneto:
ETERNA LEMBRANÇA
Tu que já foste mestre dedicada,
E instruíste amando os pequeninos,
Hoje tu tens a alma aureolada,
Tuas virtudes foram dons divinos.
Pelo bem que fizeste é venerada,
E em teu louvor entoaremos hinos,
Que é uma prece de amor, a Deus cantada,
Ele, O Senhor de todos os destinos!
E viverás eterna na lembrança,
Na saudade, num riso de criança,
Que alegrou e floriu o teu viver.
E serás para sempre abençoada,
Na paz sublime dormes descansada,
Cumpriste nobremente o teu dever!
1983 - 1° Ocupante

Adelaide Mattana Villa (1906-1986) nasceu em Curitiba-PR; foi professora normalista e Licenciada em Letras Clássicas em 1949, pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fundadora e professora do Jardim de Infância do Colégio ‘Belmiro César’ em Curitiba-PR. Foi professora em várias instituições, incluindo o Colégio Estadual do Paraná. Escreveu, montou e dirigiu peças musicais infantis; autora de livros; colaboradora em diversas revistas; poetisa lírica, suas singelas composições despertam no leitor a beleza oculta em cada palavra.
Envolvida no meio intelectual, foi membro de várias entidades culturais incluindo o Centro de Letras do Paraná e o Centro Paranaense Feminino de Cultura. Em seu livro ‘Subitamente’ a poetisa Helena Kolody, primeira ocupante da Cadeira n° 2, assim fala: “Sobre o embasamento de uma cultura clássica, adquirida no apurado estudo da língua e da literatura portuguesa e consolidado no longo tirocínio do magistério, Adelaide Mattana Villa ergue uma delicada estrutura lírica, as múltiplas torres de sua poesia versátil.”
Publicações:
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Subitamente, 1971.
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Algemas Cintilantes, 1980.
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Cantares, 1982.
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Voltar, 1984.
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‘Do gesto à palavra’ - trabalho de pesquisa linguística publicado em 1982.
PRESENÇA DO MAR
Havia sol, no poente, sangrando,
fazendo róseas as velas de volta ao lar;
mas havia, sobretudo, a cor própria do mar.
Havia gaivotas gargalhando
em torno de um barco a repousar;
nas havia, sobretudo, o canto do mar.
Havia lianas e folhas de palmeiras
nos braços do vento a se embalar;
mas havia sobretudo, o balanço do mar…
Havia alegres corpos colorindo
a espuma leitosa a fervilhar;
mas havia, sobretudo, a alegria do mar.
Havia céu azul, lua, vento, navios,
gente buliçosa na praia a brincar;
mas havia, sobretudo, a presença do mar.
1985 - 2° Ocupante

Suzete Dubard (1917 - 2002) nasceu em Curitiba-PR, foi professora normalista e musicista. Trabalhou no setor de visitas e localização de famílias dos pracinhas em luta na Europa, no período em que o Brasil esteve em guerra com o “Eixo”. Estudou piano com professora particular e depois no Instituto de Música do Paraná Menssing, sendo oradora da turma ao diplomar-se, tendo seu registro profissional na ‘Ordem dos Músicos do Brasil’.
Durante 20 anos dirigiu o Coro Feminino da Igreja do ‘Imaculado Coração de Maria’, atuando como organista. Pertenceu à Sociedade Pró-Música do Paraná, desde sua fundação. Foi o jornal semanário ‘O Clarim’ que primeiro publicou suas crônicas, passando a colaborar em jornais, sendo a primeira mulher leiga a prestar colaboração para um semanário católico.
Membro de instituições culturais, incluindo o Centro Paranaense Feminino de Cultura e a Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-PR). Assim escreve em um trecho de ‘Às Professorandas de 1930 - JUBILEU DE OURO’ :
“Efemeridades gratas e felizes raramente se repetem no decorrer de nossas vidas. E quando tal acontece, sentimo-nos como coração eufórico, palpitando emocionado, exultante de entusiasmo.
As grande responsabilidade acarretadas pelo compromisso do dejúrio assumido um dia, já mui distante no tempo, pela alegria inusitada, refletem-se nos semblantes trêfegos, cheios de cânticos, de hinos primaveris…
São as professorandas do ano de mil novecentos e trinta comemorando o seu jubileu de ouro.
Genuflexas, mansamente abrem o mais recôndito dos seus corações, aquele no qual trouxeram sempre crepitante o óleo que mantinha aceso o ideal de mestre, cujo lume foi acendido pela primeira vez a cinquenta anos atrás…”
2006 - 3° Ocupante

Teresinha de Jesus Jorge Procopiak (1932-2021), gaúcha de Bagé, residiu durante 48 anos em Curitiba-PR, professora, filósofa, religiosa e poetisa, com poemas registrados em revistas culturais.
Foi membro do Centro de Letras do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Cultura e ocupante da Cadeira Poética n° 1 na Academia Paranaense da Poesia. Sociável e comunicativa, gravou na memória e no coração de sua sucessora, Elieder Corrêa da Silva, um ser humano acolhedor, recebendo-a como novata no Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Publicações:
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Frutos do Silêncio - bilingue em português e espanhol, 1997.
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A Pérola e a Ostra, 2004.
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Cantando auroras, 2018.
AMANHECER NA PRAÇA RUI BARBOSA
Em fogo sagrado
Incendeia-se o horizonte
Vibram meus olhos
Com tanta certeza
Em cada amanhecer
A beleza se eterniza
Deslumbrando a alma
Em êxtase sagrado
Profundo sentimento
Invade o coração.
2024 - Presente 4° Ocupante

Elieder Corrêa da Silva, mineira de nascimento, residente e domiciliada em Curitiba-PR, professora, graduada em Letras Anglo Portuguesa, cursou Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR); foi Secretária de Educação e, presidente do Conselho dos Direitos da Criança e Adolescente de Garuva-SC; membro da Liga de Defesa Nacional – LDN compondo a diretoria na gestão 2019-2020.
Artista plástica, estudou História da Arte no Museu Alfredo Andersen; técnicas em gravura no Solar do Barão e, na Casa da Cultura em Joinville-SC; História da Arte voltada para à crítica, recebendo ‘Menção Honrosa’ na técnica de xilogravura, participando de coletiva em Florianópolis-SC e, em Curitiba-PR.
Mencionada no livro ‘Quem tem medo da cultura?’ de Edson Buch Machado “... com trabalhos xilográficos, serve-se da abstração incorporando, através do largo uso do contraste entre luz e sombra, características expressionistas.
Traços incisivos na matriz de madeira gravam no papel uma linguagem particular com inserção de pequenos elementos em metal.” Escritora associada e secretária do Centro de Letras do Paraná; faz parte do Coletivo Marianas; do Centro Paranaense Feminino de Cultura, sendo eleita em 2023 Presidente, para o biênio 2023-2025; pertence à Nobiliárquica e Nobilíssima Ordem do Sapo com o título de “Baronesa de Quatro Barras”; membro da Cultive com sede em Genebra; da Literarte – Associação Internacional de Escritores Lusófonos. Participou de várias antologias com contos e poesia. Mãe de seis filhos.

Pintura à óleo de Elieder Corrêa da Silva
Publicações:
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Por acaso: simplesmente - coletivo Marianas
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Sem formalidades - xilogravura & poesias
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João e Maria - selva de concreto- co-autoria Joel Marcos Faccin
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Contos Indígenas Para Crianças - co-autoria Izabelle Valadares
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A estrela fofoqueira e a lua temerosa - co-autoria Izabelle Valadares
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Coletânea ‘Ápice das Emoções’
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Romance Colaborativo ‘ Aconteceu em Curitiba’, 2015.
QUANDO FELICIDADE E TRISTEZA COMUNGAM
“Tic, tac, tic, tac… antes que o despertador soasse, ele estava acordado. Seu relógio biológico era cruel. Dormiu apenas três horas. Após lavar mãos e rosto, dirigiu-se à cozinha. Colocou a chaleira a ferver. Em poucos minutos, o aroma se espalha.
Sorve o café coado; contudo, ao saborear um doce amargor, turva-lhe o paladar. Um arrepio percorre-lhe o corpo, do couro cabeludo à sola dos pés.
Pensa: “Estarei adoentado?”
Pega na gaveta de remédios o termômetro; sacode, coloca embaixo do braço, marca no relógio três minutos… não, não tem febre.
Outra vez, arrepia-se. Fica, por segundos, pensativo. Dá uma sacudida no corpo e segue em direção à ampla porta do seu quarto de dormir, que dá acesso para o pequeno jardim; jardim que ele mesmo elaborou, em formato de mandala, e está repleto de amor-perfeito.
É a Estação, Felicidade e tristeza invadem-no… a falta da verdade para consigo lhe será fatal.”
Fonte:
1 - Acervo histórico da Academia Feminina de Letras do Paraná.
2 - Pioneiras do Brasil - Maria Nicolas, 1977, ocupante da Cadeira n° 24 na AFLPR.
3- Antologia ‘Sesquicentenário da Poesia Paranaense’ - Pompília Lopes dos Santos, 1985, patronesse na Cadeira n° 39 na AFLPR.
4- Antologia ‘Ajebianas no voo da palavra’, 1993.
5- Coletânea da Academia Paranaense da Poesia, 2012.
6- Oito Décadas - Centro Paranaense Feminino de Cultura, 2018.
7- Quem tem medo da cultura?, 2024.
8- Museu da Imagem e do Som do Paraná, 2024.
Informações do acervo da Academia Feminina de Letras do Paraná.

